São constantes as queixas dos empresários: a carga entra e sai tarde da Terceira. O problema pode estar na política de concentração, num único navio, seguida pelos operadores.
A política de concentração de carga num navio apenas, que depois se ocupa de fazer a ligação e distribuição interilhas, está a prejudicar os empresários da Terceira, considerou ontem Sandro Paim, presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo.
Os constrangimentos colocam-se com a alteração de "toques" nos portos dos Açores. A obrigatoriedade de ir às Flores pelo menos de quinze em quinze dias - imposta pelas Obrigações de Serviço Público - tem feito com que o operador siga diretamente para o Grupo Ocidental, deixando a Terceira para último plano. Assim, o navio que deveria fazer a ligação Ponta Delgada/Terceira, restantes ilhas do Grupo Central e Flores, opta por vir ao porto da Praia da Vitória em último lugar, alterando a programação anual apresentada aos empresários.
Segundo os afetados, e conforme DI tem vindo a noticiar, os desvios ao planeamento colocam dificuldades quer na importação, quer na exportação, nomeadamente de produtos frescos.
"Esta reprogramação nunca tem em conta os empresários da Terceira", sublinhou Sandro Paim, que lembra que as questões já foram apresentadas à tutela, que ainda não deu respostas à Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, ainda que o secretário regional do Turismo e dos Transportes tenha garantido que o assunto ficaria resolvido em pouco tempo.
Ainda esta semana, avançou o líder dos empresários da Terceira, da Graciosa e de São Jorge, o navio de carga que deveria chegar à ilha no início da semana só estará no porto da Praia da Vitória na sexta-feira.
"Esta programação que é fixa, que é feita pelos próprios operadores, nunca é cumprida. A tutela deveria regular e penalizar este desrespeito", disse.
Segundo a Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, era "essencial" que um dos três operadores dos Açores viesse diretamente à Terceira na segunda ou na terça-feira, seguindo depois para as restantes ilhas dos grupos Central e Ocidental, e regressando ao porto da Praia da Vitória à quinta ou sexta-feira.
"Essa é uma reivindicação da Câmara de Comércio e de todos os nossos associados", sustentou Sandro Paim.
GRUA EM MANUTENÇÃO
Os problemas com o porto da Praia da Vitória não se ficam por aí. Os empresários terceirenses queixam-se, agora, do 'timing' escolhido para proceder à manutenção da principal grua da infraestrutura portuária.
Segundo fontes de DI, há pelo menos dois dias que um barco carregado com soja está a ser descarregado na Praia da Vitória. Em uso está uma grua antiga que não tem capacidade para descargas atempadas. Na passada quarta-feira, foi possível retirar, com esse equipamento, apenas 100 toneladas de soja, quando deveriam ter sido descarregadas 500, por exemplo.
Para os empresários terceirenses, que não foram contactados a propósito da data desta manutenção, o problema "ultrapassa a simples negligência".
Já no verão, a Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo tinha alertado para o impacto causado pelas avarias da grua do porto da Praia da Vitória. Os constrangimentos voltam a colocar-se agora, sublinha Sandro Paim.
"Infelizmente a programação não está a ser cumprida e isso traz custos de contexto acrescidos aos associados. São questões de logística que voltam a colocar-se num porto que não está a funcionar como deveria. O barco só cá vem uma vez por semana; teoricamente a manutenção deveria ser feita quando o barco não está cá!", sustentou, colocando as responsabilidades nas autoridades gestoras da infraestrutura portuária.
DI questionou a Porto dos Açores sobre os alegados constrangimentos sentidos no porto da Praia da Vitória, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.
Fonte: DiarioInsular.com
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