Os transportes são o maior obstáculo ao aumento das exportações de produtos da agropecuária e das pescas dos Açores, consideraram esta sexta-feira representantes dos dois setores.
As "dificuldades e oportunidades" das exportações para os Estados Unidos da América (EUA) da agricultura e pescas dos Açores estiveram hoje em debate nas Lajes do Pico, no IV Fórum Franklin D. Roosevelt, organizado pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e o Governo Regional açoriano.
Os presidentes da Federação Agrícola dos Açores,
da Associação de Agricultores da Ilha do Pico e da Federação das Pescas dos Açores foram unânimes em apontar a questão dos transportes como o "grande 'handicap'" para o aumento das exportações dos produtos regionais, considerando que atualmente há poucas garantias de um escoamento atempado e com regularidade, para além de os custos serem muito elevados.
Estes problemas estão associados ao mau tempo nas ilhas, que por vezes perturba as ligações aéreas e marítimas, mas também à indisponibilidade de carga nos aviões, disseram os responsáveis das duas federações.
Os representantes das duas federações apontaram as exigências sanitárias e a burocracia impostas pelos EUA como outro problema no que toca ao mercado norte-americano.
Jorge Rita, da federação agrícola, considerou que o mercado dos EUA é demasiado "restritivo" no que toca a algumas questões sanitárias e pediu mais flexibilidade da parte das autoridades norte-americanas e até "exceções" em relação a produtos dos Açores, como o queijo produzido em São Jorge.
Já José António Fernandes, da federação das pescas, considerou que para aumentar as vendas de peixe nos Estados Unidos teriam de ser ultrapassadas várias burocracias.
Por outro lado, às autoridades políticas regionais, pediu para haver uma promoção do peixe dos Açores em feiras empresariais ligadas ao mar, como a de Boston, lembrando que isso só é feito nos mercados europeus.
Segundo José António Fernandes, o peixe pescado nos Açores que sai das ilhas vai para o continente português, Espanha, Itália, Grécia e o chamado "mercado da saudade" dos emigrantes açorianos que vivem nos EUA e no Canadá.
Dada a crise em Espanha e na Grécia, estes países estão a "pagar mal" ou mesmo a não pagar, disse o responsável, acrescentando que, nesse contexto, seria interessante aumentar as vendas para os EUA.
No entanto, o representante dos pescadores dos Açores defendeu que a grande aposta que deveria ser feita não é nas exportações, mas sim na diminuição das importações. Para isso, pediu a promoção do peixe dos Açores dentro da própria região e um trabalho com vista à mudança de alguns hábitos e mentalidades, como a resistência local ao consumo de peixe congelado.
O volume de pesca nos Açores não é constante, dependendo das condições do mar ou da disponibilidade dos recursos, pelo que seria vantajoso congelar peixe em épocas de abundância para consumir quando rareia, defendeu.
Tanto José António Fernandes como Jorge Rita sublinharam que os Açores têm também - e sempre terão - um problema "de escala", dada a sua dimensão, não havendo capacidade para abastecer grandes mercados.
Em compensação, e como apontou Jorge Rita, para o caso da agricultura, os Açores têm produtos considerados diferenciados e de qualidade, associados às condições ambientais de produção.
Responsáveis norte-americanos de diversas áreas, que também passaram hoje pelo fórum, consideraram que os produtos açorianos têm qualidade para serem vendidos nos EUA, e não apenas junto das comunidades de emigrantes da região, havendo consumidores dispostos a pagar mais pela qualidade.
No entanto, sublinharam a necessidade de serem produtos de qualidade e com certificação europeia.
Fonte: Açoriano Oriental
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