terça-feira, 22 de março de 2016

Empresários da Terceira preocupados com relatório norte-americano

O presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH) manifestou "grande preocupação", face ao relatório que indica que os Estados Unidos da América (EUA) não vão instalar um centro de informações na base das Lajes.


"Nós tínhamos expectativas, sustentadas em números avançados, que indicavam que havia vantagens financeiras e operacionais para os Estados Unidos em instalarem o centro de informações nas Lajes", salientou Sandro Paim, em declarações à Lusa.

O Departamento de Defesa dos EUA entregou na segunda-feira ao Congresso um relatório que afasta a hipótese de a base das Lajes receber um centro de informações - que está planeado para Inglaterra -, ou qualquer outro uso alternativo.

"A Base Aérea de Croughton, no Reino Unido, continua a localização ótima para o Complexo de Análise de Informação Conjunta. Com base em requisitos operacionais, as Lajes não são a localização ideal", disse um porta-voz do Pentágono à agência Lusa.

A mesma fonte garantiu que, "dados os requisitos operacionais das missões atuais, neste momento não existem usos alternativos para as Lajes".

Para Sandro Paim, o afastamento do centro de informações da base das Lajes traz "impactos muito negativos" para a economia da ilha Terceira, que vê agora as "expetativas goradas".

Segundo o presidente da CCAH, estimava-se que o centro de informações trouxesse para a ilha Terceira 1.250 postos de trabalho norte-americanos, o que teria impacto também na criação de emprego local.

Sandro Paim considerou que o Governo da República e o Governo Regional fizeram "o que estava ao seu alcance" para conseguir um bom desfecho, de forma consensual, mas depois deste relatório devem "exigir a revisão do Acordo [de Cooperação e Defesa]".

"Não podemos estar constantemente a ser prejudicados por parte dos Estados Unidos e nada fazer. Há que dizer basta", salientou.

O representante dos empresários da ilha Terceira disse que o impacto da redução militar norte-americana na base das Lajes está identificado no Plano de Revitalização Económica da Ilha Terceira (PREIT), considerando que é preciso rever também a utilização das infraestruturas por parte da Força Aérea norte-americana.

"Temos de ser indemnizados por esses impactos e, no futuro, temos de reavaliar os impactos negativos da utilização da base das Lajes", frisou.

O Governo Regional defendeu no PREIT, apresentado no início de 2015, que a administração norte-americana compense a ilha Terceira com uma verba de 167 milhões de euros anuais, durante 15 anos, sendo que mais de metade dessa verba (100 milhões anuais) se destinava a limpeza ambiental.

A 08 de janeiro de 2015, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, anunciou uma redução de 650 para 165 militares norte-americanos na base das Lajes.

Cerca de 400 trabalhadores portugueses já abandonaram a infraestrutura, assinando rescisões por mútuo acordo, mas o processo de redução só deverá estar concluído em setembro.


Fonte: Lusa


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